Sentidos

Continuando o post do ATP....




O cheiro parecia doce,
o gosto se perdia suave,
pulsava na boca o gosto
querendo se expressar, pulsava
o tato rebelde, áspero, forte
percorria cada parte,
milímetros abaixo e acima de toda parte,
sons abafados se ouvia
e por fim se via.

De olhos fechados dava pra ver
sensações percorrendo corpo,
o corpo procurando sentir...
o gosto na ponta da língua,
o cheiro salpicado no ar,
sons do blues de outros tempos,
o tato, toque frio,
olhos observando o arrepio

Poeta...

Eu ando abandonando os blogs... ainda bem que tem gente pra me ajudar =D
Segue um poema que eu escrevi faz alguns meses, espero que gostem...


Poeta

poeta...
quem dera eu ser
e escrever com a pena
no pano branco,
escrever a pena
que dá do papel branco
ao se borrar de tinta.

poeta...
quem dera eu ter
idéia do que é ser poeta
e revirar palavras e os sentimentos
ser poeta pra tropeçar em versos
poeta pra revirar palavras
quem dera eu ser
quem dera eu ter
poeta... quem dera

São Demais Os Perigos Desta Vida - Vinicius de Moraes

São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua

Tenho Tanto Sentimento

Das tantas poesias de Fernando Pessoa...

"Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar".

Fernando Pessoa

Saudade

Saudade é substantivo abstrato
É um nó bem apertado
É vontade de querer de volta ou de ser quem você era antes
Saudade é tempo que não passa
Dor que não tem remédio
É a ausência mais presente que eu já conheci
Não tem cor, mas tem o cheiro do Shampoo da minha mãe

Verão

De repente veio a frase na minha cabeça:
"Que o teu verão seja cada vez mais calmo"
E a partir daí brinquei com algumas palavras, juntei tudo em frases e em menos de 10 minutos estava pronto... gosto de coisas assim, idéias surgindo do nada e se transformando em algo concreto com a velocidade que o pensamento consegue dar a elas....

Verão
Que o teu verão seja cada vez mais calmo,
e o teu inverno seja frio
pra que te lembres de mim quando o frio assim te pertubar,
que te lembres do meu calor quando o verão te aquecer.

Que seja escura a noite
e tão clara que me mostre tua forma e o teu rubor.
É o meu desejo que o desejo seja intenso
e os dias durem os segundos que tenham que durar,
que a eternidade dure o segundo que tenha que durar.
É meu desejo que seja intenso o beijo,
mesmo que a eternidade insista em o acalmar
a calma vem nos meus segundos...

Olá Mundo!

Coisa boa é sentir palavras percorrendo o corpo, transmitindo o som, vogal a vogal, consoante a consoante. Coisa boa é ver a poesia tomar forma numa voz desconhecida e apreciar o ritmo, o embalo, e imaginar como seria se o Eu é que estivesse a falar.
Vogal e Som... vem trazer além da letra, da palavra escrita através das suas linhas nem sempre tortas, nem sempre retas, a sonoridade e o corpo das vozes e dos sons!
A idéia do Vogal e Som é ser um espaço onde diferentes vozes, com diferentes sotaques, timbres e tons se mostrem e deem corpo a textos, músicas e poesias!
Pra começar essa viagem através de sons e letras abaixo segue um trecho de um poema de Drummond seguido pela voz do próprio poeta.

Mundo Grande

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
(...)


Bem Vindos!